sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A garotinha que ousou desejar - de Alan D. Schultz

Quando Amy Hagadorn dobrou a esquina no final do corredor de sua sala de aula,
colidiu com um garoto alto da quinta série correndo na direção oposta.
- Olhe por onde anda, coisinha - gritou o garoto enquanto se desviava da menina da
terceira série. Então, com um sorriso afetado, o garoto segurou sua perna direita e imitou a
maneira que Amy mancava quando estava andando. Amy fechou os olhos por um instante.
"Ignore-o", disse para si mesma enquanto se dirigia para a sala de aula. Mas, no final do
dia, Amy ainda estava pensando sobre a zombaria do garoto. E ele não era o único. Desde
que Amy entrara para o terceiro ano, alguém zombava dela todo santo dia, a respeito de
sua forma de falar ou de seu andar manco. Às vezes, mesmo em uma sala cheia de outros
alunos, as zombarias a faziam sentir-se sozinha.
À mesa de jantar naquela noite, Amy ficou calada. Sabendo que as coisas não iam
bem na escola, Patty Hagadorn ficou feliz por ter boas notícias para partilhar com sua filha.
- Há um concurso de desejos de Natal na estação de rádio local - anunciou. - Escreva
uma carta para Papai Noel e você pode ganhar um prêmio. Acho que alguém de cabelos
louros e cacheados nesta mesa deveria entrar.
Amy riu e um papel e uma caneta surgiram. - Querido Papai Noel - ela começou.
Enquanto Amy caprichava na caligrafia, o resto da família tentava descobrir o que ela
poderia pedir para Papai Noel.
Tanto a irmã de Amy, Jamie, quanto sua mãe pensaram que uma Barbie de um
metro de altura estaria no topo da lista de desejos de Amy. O pai de Amy pensou em um
livro com ilustrações. Mas Amy não revelou seu desejo secreto de Natal.
Na estação de rádio WJLT em Fort Wayne, Indiana, as cartas para o Concurso de
Desejo de Natal jorravam. Os funcionários se divertiam com todos os diferentes presentes
que os meninos e meninas de toda a cidade queriam para o Natal.
Quando a carta de Amy chegou à estação de rádio, o diretor Lee Tobin a leu com
atenção.
"Querido Papai Noel.
Meu nome é Amy. Tenho nove anos de idade. Tenho um problema na escola. Será
que você pode me ajudar, Papai Noel? Os garotos riem de mim por causa da maneira que eu
ando, corro e falo. Tenho paralisia cerebral. Só queria um dia em que ninguém risse ou
zombasse de mim.
Com amor, Amy."
O coração de Lee ficou apertado quando ele leu a carta. Ele sabia que paralisia
cerebral era uma desordem muscular que podia deixar os colegas de Amy confusos.
50 Histórias para Aquecer o Coração 26
Ele pensou que seria bom para as pessoas de Fort Wayne ouvirem a respeito dessa
menininha especial e seu pedido incomum. O Sr. Tobin ligou para o jornal local.
No dia seguinte, uma foto de Amy e sua carta para Papai Noel estavam na primeira
página do The News Sentinel. A história se espalhou rapidamente. Por todo o país, jornais,
rádio e televisão relatavam a história da garotinha em Fort Wayne, Indiana, que pedira um
presente de Natal tão simples e, ainda assim, notável – apenas um dia sem zombarias.
De repente, o carteiro passou a freqüentar a casa dos Hagadorn. Envelopes de todos
os tamanhos endereçados a Amy chegavam diariamente, enviados por crianças e adultos do
país inteiro, recheados de desejos de boas festas e palavras de encorajamento. Durante a
época atribulada do Natal, mais de duas mil pessoas do mundo todo enviaram a Amy cartas
de amizade e apoio. Alguns dos remetentes tinham deficiências, mas cada um enviava uma
mensagem especial para Amy.
Através dos cartões e cartas vindas de estranhos, Amy teve um vislumbre de um
mundo cheio de pessoas que realmente se importavam umas com as outras. Ela percebeu
que nenhuma forma ou quantidade de zombarias poderia fazê-la se sentir solitária
novamente.
Muitas pessoas agradeceram a Amy por ser corajosa o suficiente para se abrir.
Outras a encorajavam a ignorar as provocações e a andar de cabeça erguida. Lynn, uma
menina da sexta série, do Texas, enviou esta mensagem:
"Gostaria de ser sua amiga e, se você quiser me visitar, poderíamos nos divertir.
Ninguém irá zombar de nós porque, se o fizerem, não iremos nem ouvi-los."
Amy conseguiu seu desejo de um dia especial sem zombarias na Escola Primária
South Wayne. Ademais, todos na escola receberam um bônus extra. Professores e alunos
discutiram sobre como as zombarias podem fazer os outros se sentirem.
Naquele ano, o prefeito de Fort Wayne proclamou oficialmente o dia 21 de dezembro
como o Dia de Amy Jo Hagadorn em toda a cidade. O prefeito explicou que, ao ousar fazer
um pedido tão simples como aquele, Amy ensinou uma lição universal.
- Todos - disse o prefeito - querem e merecem ser tratados com respeito, dignidade
e carinho.
(Alan d. Schultz)

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