sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tempestade de Gelo - Mark Twain

Quando ela começa, a notícia corre de quarto em quarto, na casa toda; há batidas nas portas, e gritos: “Olha a tempestade de gelo! Olha a tempestade de gelo!” e até os mais preguiçosos atiram longe as cobertas e aderem à corrida às janelas.
Os encantamentos das tempestades de gelo são geralmente tramados no silêncio e na escuridão da noite. Uma chuvinha miúda cai durante horas sobre os ramos e galhos nus das árvores, e vai gelando à medida que cai. Daí a algum tempo, os troncos e todos os galhos e todos os ramos estão envoltos em puro e sólido gelo; e as árvores parecem esqueletos de árvores, inteiramente feitas de vidro – um vidro límpido como cristal.
O tempo levanta, quando vai chegando a madrugada, e deixa uma atmosfera viva e pura e um céu limpo de nuvem; está tudo tranqüilo; não há um sopro de vento. Rompe a madrugada, clareia o dia, a notícia da tempestade corre a casa, pequenos e grandes acorrem às janelas e olham fixamente para fora, para os fantasmas brancos no parque. Ninguém diz uma palavra, ninguém se move. Todos esperam; sabem o que está para vir e esperam... esperam pelo milagre.
O sol desfere afinal, um súbito feixe de raios sobre as árvores fantasmagóricas e transmuda-as num esplendor de diamantes. Todos prendem a respiração, todos sentem um travo na garganta e uma umidade nos olhos – mas continuam esperando, pois sabem que há mais.
O sol sobe mais alto, cada vez mais alto, inundando as árvores, desde as ramas mais altas até as mais baixas, transformando-as numa gloriosa fogueira branca; depois, num instante, sem aviso, dá-se o supremo milagre, o milagre que não tem igual na Terra.
Uma rajada de vento faz oscilar todos os ramos e todos os galhos, e num segundo arranca das árvores brancas jorros, esguichos e explosões de pedras preciosas de todas as cores imagináveis e eis que as árvores balançam para um lado, para outro, cintilando, brilhando, bailando, fulgurando, um mundo de rubis, esmeraldas, diamantes, safiras, o espetáculo mais radioso, o espetáculo mais ofuscante, mais divino, mais maravilhoso, a visão mais intoxicante de fogos e cores e um intolerável e inimaginável esplendor que o olhar jamais poderá alcançar fora dos portões do Paraíso.

Criando raízes - de Philip Gulley

“Nossa força vem de nossas fraquezas.” (Ralph Waldo Emerson)
Quando eu era pequeno, tinha um velho vizinho chamado Dr. Gibbs. Ele não se
parecia com nenhum médico que eu jamais houvesse conhecido. Todas as vezes em que eu
o via, ele estava vestido com um macacão de zuarte e um chapéu de palha cuja aba da
frente era de plástico verde transparente. Sorria muito, um sorriso que combinava com seu
chapéu - velho, amarrotado e bastante gasto.
Nunca gritava conosco por brincarmos em seu jardim. Lembro-me dele como alguém
muito mais gentil do que as circunstâncias justificariam.
Quando o Dr. Gibbs não estava salvando vidas, estava plantando árvores. Sua casa
localizava-se em um terreno de dez acres, e seu objetivo na vida era transformá-lo em uma
floresta.
O bom doutor possuía algumas teorias interessantes a respeito de jardinagem. Ele
era da escola do "sem sofrimento não
há crescimento". Nunca regava as novas árvores, o que desafiava abertamente a
sabedoria convencional. Uma vez perguntei-lhe por quê. Ele disse que molhar as plantas
deixava-as mimadas e que, se nós as molhássemos, cada geração sucessiva de árvores
cresceria cada vez mais fraca. Portanto, tínhamos que tornar as coisas difíceis para elas e
eliminar as árvores fracas logo no início.
Ele falou sobre como regar as árvores fazia com que as raízes não se
aprofundassem, e como as árvores que não eram regadas tinham que criar raízes mais
profundas para procurar umidade. Achei que ele queria dizer que raízes profundas deveriam
ser apreciadas.
Portanto, ele nunca regava suas árvores. Plantava um carvalho e, ao invés de regá-lo
todas as manhãs, batia nele com um jornal enrolado. Smack! Slape! Pou!
Perguntei-lhe por que fazia isso e ele disse que era para chamar a atenção da árvore.
O Dr. Gibbs faleceu alguns anos depois. Saí de casa. De vez em quando passo por
sua casa e olho para as árvores que o vi plantar há cerca de vinte e cinco anos. Estão fortes
como granito agora. Grandes e robustas. Aquelas árvores acordam pela manhã, batem no
peito e bebem café sem açúcar.
Plantei algumas árvores há alguns anos. Carreguei água para elas durante um verão
inteiro. Borrifei-as. Rezei por elas. Todos os nove metros do meu jardim. Dois anos de
mimos resultaram em árvores que querem ser servidas e paparicadas. Sempre que sopra
um vento frio, elas tremem e balançam os galhos. Árvores maricas.
Uma coisa engraçada a respeito das árvores do Dr. Gibbs: a adversidade e a privação
pareciam beneficiá-las de um modo que o conforto e a tranqüilidade nunca conseguiriam.
Todas as noites, antes de ir dormir, dou uma olhada em meus dois filhos. Olho-os de
cima e observo seus corpinhos, o sobe e desce da vida dentro deles.
Freqüentemente rezo por eles. Rezo principalmente para que tenham vidas fáceis.
"Senhor, poupe-os do sofrimento." Mas, ultimamente, venho pensando que é hora de mudar
minha oração.
Essa mudança tem a ver com a inevitabilidade dos ventos gelados que nos atingem
em cheio. Sei que meu filhos irão encontrar dificuldades e minha oração para que isto não
aconteça é ingênua. Sempre há um vento gelado soprando em algum lugar.
Portanto, estou mudando minha oração vespertina. Porque a vida é dura, quer o
desejemos ou não. Em vez disso, vou rezar para que as raízes de meus filhos sejam
profundas, para que eles possam retirar forças das fontes escondidas do Deus eterno.
Muitas vezes rezamos por tranqüilidade, mas essa é uma graça difícil de alcançar.
O que precisamos fazer é rezar por raízes que alcancem o fundo do Eterno, para que
quando as chuvas caiam e os ventos soprem não sejamos varridos em direções diferentes.
(Philip Gulley)

Não há amor maior - de John W. Mansur

Qualquer que fosse seu alvo inicial, os tiros de morteiros caíram em um orfanato
dirigido por um grupo missionário na pequena aldeia vietnamita. Os missionários e uma ou
duas crianças morreram imediatamente e várias outras crianças ficaram feridas, incluindo
uma menininha de uns oito anos de idade.
As pessoas da aldeia pediram ajuda médica de uma cidade vizinha que possuía
contato por rádio com as forças americanas. Finalmente, um médico e uma enfermeira da
Marinha americana chegaram em um jipe apenas com sua maleta médica. Determinaram
que a menina era a que estava mais gravemente ferida. Sem uma ação rápida, ela morreria
por causa do choque e da perda de sangue.
Uma transfusão era imprescindível e era necessário um doador com o mesmo tipo
sangüíneo. Um teste rápido revelou
que nenhum dos americanos possuía o tipo correto, mas vários dos órfãos que não
haviam sido atingidos tinham.
O médico falava um pouco de vietnamita simplificado e a enfermeira possuía uma
leve noção de francês aprendido no colégio. Usando essa combinação, juntos e com muita
linguagem de sinais improvisada, eles tentaram explicar para a jovem e assustada platéia
que, a não ser que pudessem repor uma parte do sangue perdido da menina, ela com
certeza morreria. Então perguntaram se alguém estaria disposto a doar um pouco de
sangue para ajudar.
Seu pedido encontrou um silêncio estupefato. Após longos momentos, uma
mãozinha lenta e hesitantemente levantou-se, abaixou-se e levantou-se novamente.
- Oh, obrigada - disse a enfermeira em francês. - Qual é o seu nome?
- Heng - veio a resposta.
Heng foi rapidamente colocado em um catre, os braços limpos com álcool e uma
agulha inserida em sua veia. Durante toda a penosa experiência, Heng permaneceu tenso e
em silêncio.
Depois de algum tempo, ele soltou um soluço trêmulo, cobrindo rapidamente seu
rosto com a mão livre.
- Está doendo, Heng? - perguntou o médico.
Heng balançou a cabeça, mas, após alguns instantes, outro soluço escapou e mais
uma vez ele tentou esconder o choro. Novamente o médico perguntou se a agulha o estava
machucando e novamente Heng balançou a cabeça.
Porém agora seus soluços ocasionais haviam dado lugar a um choro constante e
silencioso, seus olhos apertados, o punho na boca para abafar seus soluços.
A equipe médica estava preocupada. Algo obviamente estava muito errado. Nesse
momento, uma enfermeira vietnamita chegou para ajudar. Vendo o sofrimento do pequeno,
50 Histórias para Aquecer o Coração 9
ela falou rapidamente com ele em vietnamita, escutou sua resposta e respondeu-lhe com a
voz reconfortante. Após um instante, o paciente parou de chorar e olhou interrogativamente
para a enfermeira vietnamita. Quando ela assentiu, um ar de grande alívio se espalhou pelo
rosto do menino.
Olhando para cima, a enfermeira contou calmamente para os americanos:
- Ele achou que estava morrendo. Entendeu errado. Achou que vocês haviam pedido
que ele desse todo o seu sangue para que a menina pudesse viver.
- Mas por que ele estaria disposto a fazer isso? - perguntou a enfermeira da Marinha.
A enfermeira vietnamita repetiu a pergunta para o menino, que respondeu
simplesmente:
- Ela é minha amiga.
(col. John W. Mansur, extraído de Thé Missileer)

O presente de aniversário - de Mavis Burton Ferguson

“Eu tive um sonho de que meus quatro filhos um dia irão viver em uma nação onde
não serão julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter...” (Martin
Luther King Jr.)
Uma semana depois de meu filho entrar para a primeira série, ele voltou para casa
com a notícia de que Roger, o único menino negro na sala, era seu companheiro de
playground. Engoli em seco e disse:
- Que bom. Quanto tempo até que alguém mais também vire seu amigo?
- Ah, eu não vou deixar de ser amigo dele - respondeu Bill. Na outra semana, recebi
a notícia de que Bill perguntara se Roger podia ser seu companheiro de carteira.
A não ser que você fosse nascido e criado no interior do sul dos Estados Unidos,
como eu fora, não vai entender o que isso significa. Marquei uma reunião com a professora.
Ela foi me encontrar com olhos cínicos e cansados.
- Bem, suponho que a senhora também queira um novo companheiro de carteira
para o seu filho - disse. - Será que poderia esperar alguns minutos? Há outra mãe chegando
agora.
50 Histórias para Aquecer o Coração 21
Virei-me e vi uma mulher da minha idade. Meu coração disparou quando percebi que
deveria ser a mãe de Roger. Possuía uma discreta dignidade e muita atitude, mas nenhuma
das duas qualidades podia encobrir a ansiedade que ouvi em suas perguntas:
- Como Roger está se saindo? Espero que esteja acompanhando as outras crianças.
Se não estiver, me avise.
Ela hesitou enquanto forçava-se a perguntar:
- Ele está criando qualquer tipo de problema? Quero dizer, por que ele tem que
trocar tanto de carteira?
Percebi a terrível tensão que estava sentindo, pois ela sabia a resposta. Mas fiquei
orgulhosa da resposta gentil daquela professora primária:
- Não, Roger não está causando problemas. Tento mudar todas as crianças de lugar
durante as primeiras semanas até que encontrem o parceiro certo.
Eu me apresentei e disse que meu filho deveria ser o novo companheiro de Roger e
que eu esperava que gostassem um do outro. Mesmo então eu sabia que era apenas um
desejo superficial, não um desejo profundo. Mas isso a ajudou, eu pude ver. Duas vezes
Roger convidou Bill para ir até sua casa, mas eu encontrei desculpas. Então veio o
arrependimento que sentirei para sempre.
No dia do meu aniversário, Bill voltou da escola com um pedaço encardido de papel
dobrado em um quadradinho minúsculo. Desdobrando-o, encontrei três flores e "Feliz
Aniversário" desenhados com lápis-cera no papel - e um centavo.
- Foi o Roger que mandou - disse Bill. - É o dinheiro do leite. Quando eu disse que
hoje era o seu aniversário, ele me fez trazer isso para você. Disse que você é amiga dele,
porque foi a única mãe que não o obrigou a mudar de companheiro de carteira.

A garotinha que ousou desejar - de Alan D. Schultz

Quando Amy Hagadorn dobrou a esquina no final do corredor de sua sala de aula,
colidiu com um garoto alto da quinta série correndo na direção oposta.
- Olhe por onde anda, coisinha - gritou o garoto enquanto se desviava da menina da
terceira série. Então, com um sorriso afetado, o garoto segurou sua perna direita e imitou a
maneira que Amy mancava quando estava andando. Amy fechou os olhos por um instante.
"Ignore-o", disse para si mesma enquanto se dirigia para a sala de aula. Mas, no final do
dia, Amy ainda estava pensando sobre a zombaria do garoto. E ele não era o único. Desde
que Amy entrara para o terceiro ano, alguém zombava dela todo santo dia, a respeito de
sua forma de falar ou de seu andar manco. Às vezes, mesmo em uma sala cheia de outros
alunos, as zombarias a faziam sentir-se sozinha.
À mesa de jantar naquela noite, Amy ficou calada. Sabendo que as coisas não iam
bem na escola, Patty Hagadorn ficou feliz por ter boas notícias para partilhar com sua filha.
- Há um concurso de desejos de Natal na estação de rádio local - anunciou. - Escreva
uma carta para Papai Noel e você pode ganhar um prêmio. Acho que alguém de cabelos
louros e cacheados nesta mesa deveria entrar.
Amy riu e um papel e uma caneta surgiram. - Querido Papai Noel - ela começou.
Enquanto Amy caprichava na caligrafia, o resto da família tentava descobrir o que ela
poderia pedir para Papai Noel.
Tanto a irmã de Amy, Jamie, quanto sua mãe pensaram que uma Barbie de um
metro de altura estaria no topo da lista de desejos de Amy. O pai de Amy pensou em um
livro com ilustrações. Mas Amy não revelou seu desejo secreto de Natal.
Na estação de rádio WJLT em Fort Wayne, Indiana, as cartas para o Concurso de
Desejo de Natal jorravam. Os funcionários se divertiam com todos os diferentes presentes
que os meninos e meninas de toda a cidade queriam para o Natal.
Quando a carta de Amy chegou à estação de rádio, o diretor Lee Tobin a leu com
atenção.
"Querido Papai Noel.
Meu nome é Amy. Tenho nove anos de idade. Tenho um problema na escola. Será
que você pode me ajudar, Papai Noel? Os garotos riem de mim por causa da maneira que eu
ando, corro e falo. Tenho paralisia cerebral. Só queria um dia em que ninguém risse ou
zombasse de mim.
Com amor, Amy."
O coração de Lee ficou apertado quando ele leu a carta. Ele sabia que paralisia
cerebral era uma desordem muscular que podia deixar os colegas de Amy confusos.
50 Histórias para Aquecer o Coração 26
Ele pensou que seria bom para as pessoas de Fort Wayne ouvirem a respeito dessa
menininha especial e seu pedido incomum. O Sr. Tobin ligou para o jornal local.
No dia seguinte, uma foto de Amy e sua carta para Papai Noel estavam na primeira
página do The News Sentinel. A história se espalhou rapidamente. Por todo o país, jornais,
rádio e televisão relatavam a história da garotinha em Fort Wayne, Indiana, que pedira um
presente de Natal tão simples e, ainda assim, notável – apenas um dia sem zombarias.
De repente, o carteiro passou a freqüentar a casa dos Hagadorn. Envelopes de todos
os tamanhos endereçados a Amy chegavam diariamente, enviados por crianças e adultos do
país inteiro, recheados de desejos de boas festas e palavras de encorajamento. Durante a
época atribulada do Natal, mais de duas mil pessoas do mundo todo enviaram a Amy cartas
de amizade e apoio. Alguns dos remetentes tinham deficiências, mas cada um enviava uma
mensagem especial para Amy.
Através dos cartões e cartas vindas de estranhos, Amy teve um vislumbre de um
mundo cheio de pessoas que realmente se importavam umas com as outras. Ela percebeu
que nenhuma forma ou quantidade de zombarias poderia fazê-la se sentir solitária
novamente.
Muitas pessoas agradeceram a Amy por ser corajosa o suficiente para se abrir.
Outras a encorajavam a ignorar as provocações e a andar de cabeça erguida. Lynn, uma
menina da sexta série, do Texas, enviou esta mensagem:
"Gostaria de ser sua amiga e, se você quiser me visitar, poderíamos nos divertir.
Ninguém irá zombar de nós porque, se o fizerem, não iremos nem ouvi-los."
Amy conseguiu seu desejo de um dia especial sem zombarias na Escola Primária
South Wayne. Ademais, todos na escola receberam um bônus extra. Professores e alunos
discutiram sobre como as zombarias podem fazer os outros se sentirem.
Naquele ano, o prefeito de Fort Wayne proclamou oficialmente o dia 21 de dezembro
como o Dia de Amy Jo Hagadorn em toda a cidade. O prefeito explicou que, ao ousar fazer
um pedido tão simples como aquele, Amy ensinou uma lição universal.
- Todos - disse o prefeito - querem e merecem ser tratados com respeito, dignidade
e carinho.
(Alan d. Schultz)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mark Twain

Em seu livro " Dicas Úteis Para Uma Vida Fútil", Mark Twain cita o seguinte episódio:

Clara pegou um livro (Daniel Boone, de John S.C Abbot) e leu na folha de rosto uma anotação minha à lápis. Intrigada, não entendeu o que escrevi; a mãe então pegou o livro e leu: – Livro mal feito, mistura de grandes tolices com má gramática. – Clara então disse, muito séria (sem entender o sentido, mas apreciando muito o som das palavras): – Ah, deve ser ótimo! – Levou o livro e mergulhou nele.

Ou seja: pare de se importar tanto sobre o que os outros pensam de suas leituras ou se você deve ou não ler clássicos ou livros contemporâneos, lançamentos ou velharias, sucessos de crítica ou sucessos de público.

Leia o que você gosta. A vida é curta.

No fundo, tudo o que já foi dito a respeito de livros não passa de uma anotação feita à lápis na folha de rosto de um deles com uma letra feia que ninguém entende.

A Verdadeira Paz

Era uma vez um rei que ofereceu um prêmio ao artista que pintasse o melhor quadro que representasse a paz. Muitos artistas tentaram. O rei olhou todos os quadros, mas apenas gostou mesmo de dois, e teve de escolher entre ambos.
Um quadro retratava um lago sereno. O lago era um espelho perfeito das altas e pacíficas montanhas à sua volta, encimado por um céu azul com nuvens brancas como algodão.
Todos os que viram este quadro acharam que ele era um perfeito retrato da paz. O outro quadro também tinha montanhas. Mas eram escarpadas e calvas. Acima havia um céu ameaçador do qual caía chuva, e no qual brincavam relâmpagos. Da encosta da montanha caía uma cachoeira espumante. Não parecia nada pacífica.
Mas quando o rei olhou, ele viu ao lado da cachoeira um pequeno arbusto crescendo numa fenda da rocha. No arbusto uma mãe pássaro havia feito seu ninho. Lá, no meio da turbulência da água feroz, se instalara a mãe pássaro em seu ninho; em perfeita paz.
Qual pintura você acha que ganhou o prêmio? O rei escolheu a segunda. Sabe por que? "Porque PAZ," explicou o rei, "não significa estar num lugar onde não há barulho, problemas ou trabalho duro. PAZ significa estar no meio disso tudo e ainda estar calmo no seu coração. "Este é o significado real da paz!
Autor Desconhecido

Canção da Vida

Como qualquer mãe, quando Karen soube que um bebê estava a caminho, fez todo o possível para ajudar o seu outro filho, Michael, com três anos de idade, a se preparar para a chegada. Os exames mostraram que era uma menina e, todos os dias, Michael cantava perto da barriga de sua mãe. Ele já amava a sua irmãzinha antes mesmo dela nascer.

A gravidez se desenvolveu normalmente. No tempo certo, vieram as contrações. Primeiro, a cada cinco minutos; depois a cada três; então, a cada minuto uma contração. Entretanto, surgiram algumas complicações e o trabalho de parto de Karen demorou horas.

Todos discutiam a necessidade provável de uma cesariana. Até que, enfim, depois de muito tempo, a irmãzinha de Michael nasceu. Só que ela estava muito mal. Com a sirene no último volume, a ambulância levou a recém-nascida para a UTI neonatal do Hospital Saint Mary.

Os dias passaram. A menininha piorava. O médico disse aos pais: "Preparem-se para o pior. Há poucas esperanças."
Karen e seu marido começaram, então, os preparativos para o funeral. Alguns dias atrás estavam arrumando o quarto para esperar pelo novo bebê. Hoje, os planos eram outros.

Enquanto isso, Michael todos os dias pedia aos pais que o levassem para conhecer a sua irmãzinha. "Eu quero cantar pra ela", ele dizia. A segunda semana de UTI entrou e esperava-se que o bebê não sobrevivesse até o final dela. Michael continuava insistindo com seus pais para que o deixassem cantar para sua irmã, mas crianças não eram permitidas na UTI.

Entretanto, Karen decidiu. Ela levaria Michael ao hospital de qualquer jeito. Ele ainda não tinha visto a irmã e, se não fosse hoje, talvez não a visse viva. Ela vestiu Michael com uma roupa um pouco maior, para disfarçar a idade e rumou para o hospital. A enfermeira não permitiu que ele entrasse e exigiu que ela o retirasse dali.

Mas Karen insistiu: "Ele não irá embora até que veja a sua irmãzinha!" Ela levou Michael até a incubadora. Ele olhou para aquela trouxinha de gente que perdia a batalha pela vida. Depois de alguns segundos olhando, ele começou a cantar, com sua voz pequenininha: "Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro..."
Karen e seu marido começaram, então, os preparativos para o funeral. Alguns dias atrás estavam arrumando o quarto para esperar pelo novo bebê. Hoje, os planos eram outros.

Enquanto isso, Michael todos os dias pedia aos pais que o levassem para conhecer a sua irmãzinha. "Eu quero cantar pra ela", ele dizia. A segunda semana de UTI entrou e esperava-se que o bebê não sobrevivesse até o final dela. Michael continuava insistindo com seus pais para que o deixassem cantar para sua irmã, mas crianças não eram permitidas na UTI.

Entretanto, Karen decidiu. Ela levaria Michael ao hospital de qualquer jeito. Ele ainda não tinha visto a irmã e, se não fosse hoje, talvez não a visse viva. Ela vestiu Michael com uma roupa um pouco maior, para disfarçar a idade e rumou para o hospital. A enfermeira não permitiu que ele entrasse e exigiu que ela o retirasse dali.

Mas Karen insistiu: "Ele não irá embora até que veja a sua irmãzinha!" Ela levou Michael até a incubadora. Ele olhou para aquela trouxinha de gente que perdia a batalha pela vida. Depois de alguns segundos olhando, ele começou a cantar, com sua voz pequenininha: "Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro..."
Nesse momento, o bebê pareceu reagir. A pulsação começou a baixar e se estabilizou. Karen encorajou Michael a continuar cantando. "Você não sabe, querida, quanto eu te amo. Por favor, não leve o meu sol embora..."Enquanto Michael cantava, a respiração difícil do bebê foi se tornando suave. "Continue, querido!", pediu Karen, emocionada. "Outra noite, querida, eu sonhei que você estava em meus braços..." O bebê começou a relaxar. "Cante mais um pouco, Michael". A enfermeira começou a chorar. "Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro... Por favor, não leve o meu sol embora..." No dia seguinte, a irmã de Michael já tinha se recuperado e em poucos dias foi para casa.

O Woman's Day Magazine chamou essa história de "O milagre da canção de um irmão". Os médicos chamaram simplesmente de milagre. Karen chamou de milagre do amor de Deus.
Autor Desconhecido

Instalando o Amor!

E no Setor de "Atendimento ao CLIENTE"....
ATENDENTE: Boa tarde Senhora.
Em que lhe posso ser útil ?
CLIENTE: Comprei o seu programa AMOR, mas até agora não consegui instalar. Eu não sou técnica no assunto, mas acho que posso instalar com a sua ajuda. O que eu devo fazer primeiro?
ATENDENTE: O primeiro passo é abrir o seu CORAÇÃO. A senhora encontrou seu CORAÇÃO?
CLIENTE: Sim, encontrei. Mas há diversos programas funcionando agora. Tem algum problema em instalar o AMOR enquanto outros programas estão funcionando?
ATENDENTE: Que programas estão funcionando, senhora?
CLIENTE: Deixe-me ver... Eu tenho BAIXAESTIMA.EXE, RESSENTIMENTO.COM, ODIO.EXE e RANCOR.EXE funcionando agora.
ATENDENTE: Nenhum problema. O AMOR apagará automaticamente RANCOR.EXE de seu sistema operacional atual. Pode ficar em sua memória permanente, mas não vai causar problemas por muito tempo para outros programas. O AMOR vai reescrever BAIXAESTIMA.EXE em uma versão melhor, chamada AUTOESTIMA.EXE. Entretanto, a senhora tem que desligar completamente o ODIO.EXE e RESSENTIMENTO.COM. Esses programas impedem que o AMOR seja instalado corretamente. A senhora pode desligá-los?
CLIENTE: Eu não sei como desligá-los. Você pode me dizer como?
ATENDENTE: Com prazer! Vá ao Menu e clique em PERDAO.EXE. Faça isso quantas vezes forem necessárias, até o ODIO.EXE e RESSENTIMENTO.COM serem apagados completamente.
CLIENTE: Ok! Terminei! O AMOR começou a instalar-se automaticamente. Isso é normal?
ATENDENTE: Sim, é normal. A senhora deverá receber uma mensagem dizendo que reinstalará a vida de seu coração. A senhora tem essa mensagem?
CLIENTE: Sim, eu tenho. Está completamente instalado?
ATENDENTE: Sim. Mas lembre-se: a senhora só tem o programa de modelo básico. A senhora precisa começar a se conectar com outros CORAÇÕES a fim de obter melhorias.
CLIENTE: Oh! Meu Deus! Eu já tenho uma mensagem de erro. Que devo fazer?
ATENDENTE: O que diz a mensagem?
CLIENTE: Diz: "ERRO 412 - O PROGRAMA NÃO FUNCIONA EM COMPONENTES INTERNOS". O que isso significa?
ATENDENTE: Não se preocupe, senhora. Este é um problema comum. Significa que o programa do AMOR está ajustado para funcionar em CORAÇÕES externos, mas ainda não está funcionando em seu CORAÇÃO. É uma daquelas complicadas coisas de programação, mas em termos não-técnicos, significa que a senhora tem que "AMAR" sua própria máquina antes que possa amar outra.
CLIENTE: Então, o que devo fazer?
ATENDENTE: A senhora pode achar o diretório chamado "AUTO-ACEITACÃO?”
CLIENTE: Sim, encontrei.
ATENDENTE: Excelente! A senhora está pegando prática nisso!
CLIENTE: Obrigada!
ATENDENTE: Com prazer! Vá ao Menu e clique em PERDAO.EXE. Faça isso quantas vezes forem necessárias, até o ODIO.EXE e RESSENTIMENTO.COM serem apagados completamente.
CLIENTE: Ok! Terminei! O AMOR começou a instalar-se automaticamente. Isso é normal?
ATENDENTE: Sim, é normal. A senhora deverá receber uma mensagem dizendo que reinstalará a vida de seu coração. A senhora tem essa mensagem?
CLIENTE: Sim, eu tenho. Está completamente instalado?
ATENDENTE: Sim. Mas lembre-se: a senhora só tem o programa de modelo básico. A senhora precisa começar a se conectar com outros CORAÇÕES a fim de obter melhorias.
CLIENTE: Oh! Meu Deus! Eu já tenho uma mensagem de erro. Que devo fazer?
ATENDENTE: O que diz a mensagem?
CLIENTE: Diz: "ERRO 412 - O PROGRAMA NÃO FUNCIONA EM COMPONENTES INTERNOS". O que isso significa?
ATENDENTE: Não se preocupe, senhora. Este é um problema comum. Significa que o programa do AMOR está ajustado para funcionar em CORAÇÕES externos, mas ainda não está funcionando em seu CORAÇÃO. É uma daquelas complicadas coisas de programação, mas em termos não-técnicos, significa que a senhora tem que "AMAR" sua própria máquina antes que possa amar outra.
CLIENTE: Então, o que devo fazer?
ATENDENTE: A senhora pode achar o diretório chamado "AUTO-ACEITACÃO?”
CLIENTE: Sim, encontrei.
ATENDENTE: Excelente! A senhora está pegando prática nisso!
CLIENTE: Obrigada!

Exercitando as Boas Maneiras

Fiquei tão impressionado com a cortesia de um condutor para com os passageiros, num bonde, que decidí falar-lhe, quando havia pouca gente no veículo.
_Ora, disse-me, _há uns cinco anos, li num jornal que certo sujeito foi contemplado em um testamento só porque havia sido delicado, certa vez. Que diabo, pensei que o mesmo poderia acontecer comigo, e então, comecei a tratar os passageiros com toda a consideração. E Isso me faz sentir tão bem, que já não me preocupo mais em ganhar nenhuma herança!
Autor: R. Webber Jr.

Nada é Por Acaso

Nada é por acaso... (o nome da pessoa é fictício, mas a história é real)

"Diz uma canção que o acaso é um "apelido" que, às vezes, Deus usa para
assinar Sua ação..."

"No mês de agosto de 2001, Moshê (nome fictício), um bem sucedido
empresário judeu, viajou para Israel a negócios.

Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário
aproveitou para ir fazer um lanche rápido em uma pizzaria na esquina das
ruas Yafo e Mêlech George no centro de Jerusalém.
O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na pizzaria, Moshê
percebeu que teria que esperar muito tempo numa enorme fila, se realmente
desejasse comer alguma coisa - mas ele não dispunha de tanto tempo.
Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por perto do balcão de
pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu. Percebendo a angústia
do estrangeiro, um israelense perguntou-lhe se ele aceitaria entrar na fila
na sua frente.

Mais do que agradecido, Moshê aceitou. Fez seu pedido, comeu rapidamente
e saiu em direção à sua próxima reunião. Menos de dois minutos após ter
saído, ele ouviu um estrondo aterrorizador.

Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho que ele
acabara de percorrer o que acontecera.
O jovem disse que um homem-bomba acabara de detonar uma bomba na
pizzaria Sbarro`s. Moshê ficou branco. Por apenas dois minutos ele escapara
do atentado. Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o
lugar na fila.
Certamente ele ainda estava na pizzaria. Aquele sujeito salvara a sua
vida e agora poderia estar morto. Atemorizado, correu para o local do
atentado para verificar se aquele homem necessitava de ajuda. Mas
encontrou uma situação caótica no local.

A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos
para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, de vinte e três
anos, outras dezoito pessoas morreram, sendo seis crianças. Cerca de outras
noventa pessoas ficaram feridas, algumas em condições críticas.
As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada. Pessoas gritavam
e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico, outras tentando ajudar de
alguma forma.
Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas ensangüentadas eram
socorridas por policiais e voluntários. Uma mulher com um bebê coberto
de sangue implorava por ajuda. Um dispositivo adicional já estava sendo
desmontado pelo exército. Moshê procurou seu "salvador" entre as
sirenes sem fim, mas não conseguiu encontrá-lo. Ele decidiu que tentaria de
todas as formas saber o que acontecera com o israelense que lhe salvara a
vida. Moshê estava vivo por causa dele. Precisava saber o que acontecera, se
ele precisava de alguma ajuda e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua vida.
O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião que o
aguardava. Ele começou a percorrer os hospitais da região, para onde tinham
sido levados os feridos no atentado.
Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos hospitais. Ele estava
ferido, mas não corria risco de vida.

Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava acompanhando
seu pai, e contou tudo o que acontecera. Disse que faria tudo que fosse
preciso por ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia
sua vida. Depois de alguns momentos, Moshê se despediu do rapaz e deixou seu
cartão com ele. Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem
não deveria hesitar em comunicá-lo.
Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seu escritório em
Nova Iorque daquele rapaz, contando que seu pai precisava de uma operação
de emergência. Segundo especialistas, o melhor hospital para fazer aquela
delicada cirurgia fica em Boston, Massachussets. Moshê não hesitou.
Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro de poucos dias.
Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar seu
amigo em Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque. Talvez outra
pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo senso de gratidão.

Outra pessoa poderia ter dito "Afinal, ele não teve intenção de salvar
a minha vida: apenas me ofereceu um lugar na fila ."

Mas não Moshê. Ele se sentia profundamente grato, mesmo um mês após o
atentado. E ele sabia como retribuir um favor.
Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu amigo
e deixou de ir trabalhar.
Sendo assim, pouco antes das nove horas da manhã, naquele dia 11 de setembro de 2001 Moshê não estava em seu escritório no 101º andar do World Trade
Center Twin Towers."

Santo Remédio

Certo marido mandou sua mulher, que tinha ficado seriamente doente, passar uma temporada no ameno clima do sul, apesar de seus limitados recursos financeiros. Sabendo que o marido não dispunha de muito dinheiro, a jovem esposa não esperava receber nenhum´presente, e foi com alegre surpresa que recebeu uma grande caixa, contendo inúmeras cápsulas, com a receita: "Tome uma de manhã e outra de noite." Cada capsula continha uma pequena nota, em que o afetuoso marido recordava um episódio agradável do passado de ambos.
- Claire Mac Murray

Adoniram Judson

Adoniram Judson
Adoniram Judson (1788-1850) era dotado de uma mente brilhante. Ele aprendeu a ler aos 3 anos, conseguiu traduzir grego aos 12, e matriculou-se na Universidade de Brown aos 16 anos. Enquanto ali, tornou-se amigo de Jacob Eames, um homem que rejeitava os milagres da Bíblia. Quando Judson fez o seu discurso de formatura em 1807, ele tinha sido tão influenciado por Eames que negou a sua fé cristã.
Uma noite em que Judson tinha ficado numa hospedaria da aldeia, foi perturbado pelos gemidos de um homem no quarto ao lado. Na manhã seguinte ele perguntou ao dono da estalagem sobre o homem indisposto. Este disse-lhe que esse homem tinha morrido e que o seu nome era Jacob Eames.
A coincidência surpreendente de estar próximo do seu amigo no momento da sua morte aturdiu Judson. Ele sentiu-se compelido a examinar a sua própria alma e a buscar o perdão de Deus por ter negado a sua fé. Desde aquele momento, começou a viver para o Senhor. Deus guiou-o a abrir um trabalho missionário na Birmânia. No término da sua vida, Adoniram pôde olhar para trás, vendo que o seu ministério tinha plantado dúzias de igrejas e milhares tinham sido influenciados para se tornarem crentes.
Fonte: Nosso Pão Diário
Autor: H.D.F.

O Tempo e o Amor

"Era uma vez, uma ilha onde moravam todos os sentimentos... a Alegria, a Tristeza, a vaidade, a Sabedoria, o Amor ... e muitos outros. Um dia, avisaram para os moradores que ela seria inundada. Apavorado, a Amor cuidou para que todos os sentimentos se salvassem. Todos correram e pegaram seus barquinhos para irem até um morro bem alto.

Só o Amor não se apressou. Ele queria ficar um pouco mais em sua ilha. E quando já estava quase se afogando, o Amor correu para pedir ajuda.
Estava vindo a Riqueza e ele disse : - Riqueza, me leva com você?
A Riqueza disse : - Não posso, pois meu barco está cheio de ouro e prata e não caberá você nele. Passou a Vaidade e o Amor, então, disse : - Vaidade, me leva com você?
E a Vaidade respondeu : - Não posso, você vai sujar todo o meu barco novo.
Daí, passou a Tristeza e o Amor pediu : - Tristeza, posso ir com você?
E a Tristeza respondeu : - Ah, Amor! Estou tão triste que preciso ficar sozinha.
Passou a Alegria, mas ela estava tão alegre que nem deu ouvidos ao Amor. Já desesperado, achando que ia ficar só, o Amor começou a chorar.
Então, passou um velhinho e disse : - Sobe Amor! Eu te levo. O Amor ficou tão feliz que se esqueceu de perguntar o nome do velhinho. Chegando ao alto do morro, o Amor perguntou a Sabedoria : - Sabedoria, quem era o velhinho que me trouxe até aqui?
E a Sabedoria respondeu : - Era o Tempo.
E o Amor disse : - O Tempo ?
Mas por que só o Tempo pôde me trazer até aqui?
E a Sabedoria respondeu : - Porque só o Tempo é capaz de entender um Grande Amor!"

Lia, A Antepassada Feiosa de Cristo

Sempre achei interessante observar como o Senhor nos faz atentar para alguns incidentes em sua Palavra. Muitas vezes, lemos os versos das Escrituras e nos familiarizamos com eles, mas deixamos de observar as mensagens que contêm. Algo dessa natureza chamou minha atenção ao estudar o capítulo 29 do livro de Gênesis. Nesse capítulo, vemos que Jacó deixou a casa de seu pai após receber a bênção da primogenitura, que era do seu irmão. Rebeca, a mãe deles, conspirou com seu filho favorito Jacó para enganar a Isaque. Quando Esaú descobriu o que tinha acontecido, ameaçou matar o irmão. Rebeca soube do plano e, imediatamente, aconselhou Jacó a fugir para a casa do tio Labão, que vivia a mais de 600 km de distância dali, em um lugar chamado Padã-Arã. Jacó fez como sua mãe o aconselhou e, quando chegou ao lugar, a primeira pessoa que encontrou foi Raquel, filha de Labão. Vamos acompanhar a narrativa bíblica a partir do verso 16:

"E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o nome da menor Raquel. Lia tinha olhos tenros, mas Raquel era de formoso semblante e formosa à vista. E Jacó amava a Raquel, e disse: Sete anos te servirei por Raquel, tua filha menor. Então disse Labão: Melhor é que eu a dê a ti, do que a dê a outro homem; fica comigo. Assim serviu Jacó sete anos por Raquel; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. E disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, porque meus dias são cumpridos, para que eu me case com ela. Então reuniu Labão a todos os homens daquele lugar, e fez um banquete."

Jacó estava obviamente fascinado pela beleza de Raquel e ficamos sabendo que Lia, a filha mais velha tinha olhos tenros. Acredito que isso seja um modo diplomático de dizer que ela era muito feia. De qualquer forma, o coração de Jacó está nas nuvens e ele próprio propõe a Labão trabalhar por sete longos anos pela mão da filha mais nova. Para que possamos compreender os incidentes que aconteceram em seguida, precisamos entender que Labão era um homem muito astuto e enganoso. Acrescente a isso que o nome Jacó significa "suplantador", aquele que engana - e temos todos os elementos para uma história em que um trapaceiro engana o outro.

Labão fez todos os preparativos para o banquete de casamento e tudo parecia estar como planejado, mas quando Jacó acordou na manhã seguinte - assustou-se ao descobrir que fora enganado e casado com a feiosa Lia! [Pessoal, realmente acredito que Deu tem senso de humor!] Aquele que enganou a seu pai e recebeu a bênção da primogenitura que estava reservada para seu irmão, agora é vítima de uma trapaça! Logicamente, ele foi imediatamente reclamar com Labão, mas ficou sabendo que a lei daquela terra proibia que uma filha mais nova casasse antes da mais velha. Vamos continuar com o texto bíblico a partir do verso 27, onde Labão diz:

"Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra; pelo serviço que ainda outros sete anos comigo servires. E Jacó fez assim, e cumpriu a semana de Lia; então lhe deu por mulher Raquel sua filha. E Labão deu sua serva Bila por serva a Raquel, sua filha. E possuiu também a Raquel, e amou também a Raquel mais do que a Lia e serviu com ele ainda outros sete anos. Vendo, pois, o SENHOR que Lia era desprezada, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril."

Lia chamou seu filho primogênito Rúbem, que literalmente significa, "Veja, um filho!" e é triste observar no verso 32 como ela se sentia aflita e esperançosa de ser amada pelo seu marido. Com o passar do tempo, ela teve três outros filhos: Simeão ["Deus ouve"], Levi ["companheiro"] e Judá ["louvor"]. O nascimento desses quatro filhos somente tornou a situação familiar mais tensa, pois Raquel não conseguia engravidar. Naquela cultura oriental, a esterilidade era considerada uma desgraça. Assim, em uma tentativa desesperada de "igualar o marcador", Raquel entrega sua serva Bila a Jacó, para que conceba por ela. Devido às diferenças culturais, achamos isso muito estranho, para dizer o mínimo, mas naqueles tempos era uma prática comum. Bila então deu à luz a Dã ["julgou"] e a Naftali ["lutei"].

Vendo que cessara de ter filhos, Lia entrega sua serva Zilpa como mulher a Jacó e ela concebeu a Gade ["fortuna"] e Aser ["feliz"]! A família é abençoada com o nascimento de muitos meninos, mas a competição entre as duas irmãs é feroz. Lia torna-se então aflita por ter cessado de ter filhos e ora para que o Senhor lhe dê mais filhos. O verso 17 diz que Deus ouviu a Lia e ela teve mais dois filhos: Issacar ["alugado"] e Zebulom ["habitação"], e depois uma filha, chamada Diná.

Em seguida, no verso 22 do capítulo 30, vemos que Deus "lembrou-se de Raquel":

"E lembrou-se Deus de Raquel; e Deus a ouviu, e abriu a sua madre. E ela concebeu, e deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus a minha vergonha. E chamou-lhe José, dizendo, O SENHOR me acrescente outro filho."

A Bíblia não diz especificamente que os atritos entre as irmãs cessaram após o nascimento das crianças, mas parece que sim. Como diz o velho ditado: "O tempo cura todas as feridas". Jacó foi abençoado com sua grande família enquanto estava servindo a Labão, e agora o Senhor estava prestes a abençoá-lo com bens materiais. Após o nascimento de José, Jacó decidiu que era hora de voltar para o lugar de onde tinha vindo - para sua parentela. Quando abordou Labão e falou sobre esse desejo, Labão não ficou muito satisfeito com a possibilidade de perder seu excelente funcionário e fez uma proposta surpreendente nos versos 27 e 28 do capítulo 30:


"Então lhe disse: Se agora tenho achado graça em teus olhos, fica comigo. Tenho experimentado que o SENHOR me abençoou por amor de ti. E disse mais: Determina-me o teu salário, que to darei."

Labão não era um homem temente a Deus, como mostra o fato de praticar "adivinhação", tentando saber o futuro por meio de vários métodos ocultistas. No entanto, ele tinha bom senso suficiente para perceber que as bênçãos de Deus sobre Jacó estavam "transbordando" para ele também. Tentando manter Jacó satisfeito e conservá-lo a seu serviço, Labão lhe diz: "Diga quanto quer ganhar". Jacó o surpreendeu pedindo somente os animais que nascessem salpicados ou malhados. Os animais do rebanho de Labão eram predominantemente brancos ou pretos, e somente ocasionalmente nasciam animais salpicados ou malhados.

Labão aceitou a proposta, mas fiel ao seu caráter de trapaceiro, rapidamente removeu todos os animais que não eram totalmente brancos ou pretos e entregou os animais que eram totalmente brancos e pretos para Jacó cuidar. No entanto, Jacó estava dependendo do Senhor para cuidar da situação, e, ao longo de um período de tempo os animais salpicados e malhados estavam nascendo com maior regularidade! Em pouco tempo, Jacó enriqueceu e formou seu próprio rebanho bem numeroso. Naturalmente, os filhos de Labão começaram a acusar Jacó de usar métodos desonestos, mas não podiam provar nada. Assim, sentindo a animosidade por parte da família de Labão, Jacó decide partir com sua família no meio de noite e voltar para sua parentela.

Somente ao chegar em casa Jacó saberá que sua mãe Rebeca faleceu durante o tempo da sua ausência. Ele era o filho favorito e ela planejou uma forma pouca ética de garantir a bênção da primogenitura para ele, porém pagou um alto preço, morrendo sem nunca mais rever seu filho favorito! Ele também fez as pazes com Esaú e ambos enterraram o pai Isaque, quando este faleceu. Em seguida, no capítulo 35, vemos que Deus aparece novamente a Jacó e lhe dá outra bênção. A partir do verso 9, lemos:

"E apareceu Deus outra vez a Jacó, vindo de Padã-Arã, e abençoou-o. E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel. Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de nações sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos. E te darei a ti a terra que tenho dado a Abraão e a Isaque, e à tua descendência depois de ti darei a terra. E Deus subiu dele, do lugar onde falara com ele. E Jacó pôs uma coluna no lugar onde falara com ele, uma coluna de pedra; e derramou sobre ela uma libação, e deitou sobre ela azeite. E chamou Jacó aquele lugar, onde Deus falara com ele, Betel. E partiram de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata, e deu à luz Raquel, e ela teve trabalho em seu parto. E aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este filho terás. E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu) chamou-se Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim. Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata; que é Belém. E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até ao dia de hoje."

Acho muito interessante que a Bíblia não registre a tristeza de Jacó pela morte de sua esposa "favorita". A Bíblia apenas diz que ele a enterrou, erigiu um monumento para assinalar o local do túmulo e prosseguiu a viagem! Podíamos esperar uma grande lamentação e a observação de um período de luto - mas se isso aconteceu, não foi registrado no texto bíblico. Pode ser tentador supor que essas coisas aconteceram porque, com o passar do tempo, ela não manteve o mesmo lugar de afeição no coração de Jacó. No entanto, isso é improvável, pois no capítulo 33 - quando Jacó estava indo ao encontro de Esaú - vemos na divisão da família em grupos, que Raquel e seu filho foram favorecidos. Jacó temia que Esaú ainda estivesse com raiva e o atacasse na primeira oportunidade. Assim, colocou suas duas concubinas e os filhos delas na frente da caravana, Lia e seus filhos em seguida, e Raquel e seu filho na retaguarda. Se a caravana fosse atacada, as concubinas e seus filhos estariam em uma posição mais vulnerável, Lia e seus filhos em seguida, e Raquel e seu filho teriam as maiores chances de sobrevivência. Imagine a mensagem que essa formação passou para as outras esposas e filhos! Acredito que esse favoritismo desmedido contribuiu para que, anos mais tarde, os filhos mais velhos traissem José, o filho da esposa favorita, e o vendessem como escravo aos midianitas. A própria infância de Jacó foi marcada pelo favoritismo dos pais - Isaque favorecia a Esaú e Raquel favorecia a Jacó - de modo que ele deveria saber por experiência própria o que era ser o "segundo melhor" aos olhos do pai.


No capítulo 35, muitas coisas acontecem em uma rápida sucessão com Jacó e sua família. Primeiro, Débora, a ama de sua mãe Rebeca, morreu. Provavelmente, essa mulher ajudou a criar Jacó e devia ser como uma segunda mãe para ele. O local onde ela foi sepultada foi chamado de Alom-Bacute, que significa "o carvalho do choro". Logo em seguida, Raquel morreu ao dar à luz, e Rúbem, o filho mais velho de Jacó, desonrou seu pai, deitando-se com Bila, uma das concubinas. Nos versos 27-29, lemos que Jacó reencontrou-se com seu pai Isaque, que veio a falecer logo em seguida. Sim, Jacó estava bem familiarizado com as lágrimas e com o pranto, mas mais haveria de vir. Lenta e seguramente, Deus estava trabalhando sua vontade soberana na vida de Jacó, moldando-o e transformando-o no homem que ele queria.

O próximo evento traumático que ocorreu com Jacó foi a perda de seu filho favorito, José. Todos nós conhecemos a história de como os irmãos mais velhos tinham ciúmes de José e aproveitaram-se da primeira oportunidade que tiveram para se livrarem dele, vendendo-o como escravo. Eles disseram que José tinha sido devorado por um animal selvagem, e Jacó, já velho, teve de confiar na palavra deles. Como aprendemos na narrativa bíblica, os irmãos quiseram fazer o mal a José - mas Deus converteu aquele mal em bênção! A ação perversa dos irmãos no longo prazo foi a salvação de toda a família - bem como de todo o Egito - por meio dos esforços de José! Durante o curso dessa história, também houve um tempo em que Jacó ficou privado da companhia de Benjamim - o último de seus filhos favoritos. Um por um, Deus tirou de Jacó tudo o que ele amava, de forma a fazer dele um homem melhor. Precisamos "ler as entrelinhas", para ver tudo o que está acontecendo aqui, mas é bem óbvio que durante seus últimos dias, as circunstâncias forçaram Jacó a depender mais e mais de Lia, a esposa que, em minha opinião, era a mais favorecida por Deus. [Considere o fato que Lia foi a mãe de Judá e de Levi - as tribos que deram origem às linhas messiânica e sacerdotal.] Lia amava a Jacó, mas o reconhecimento a esse amor demorou para vir. Não me considero um homem muito romântico [e provavelmente minha mulher concorda com isso], mas toca meu coração considerar que Jacó veio a amar Lia e acredito que temos a evidência clara disso no capítulo 49, onde lemos:

"Todas estas são as doze tribos de Israel; e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção. Depois ordenou-lhes, e disse-lhes: Eu me congrego ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu, na cova que está no campo de Macpela, na terra de Canaã, a qual Abraão comprou com aquele campo de Efrom, o heteu, por herança de sepultura. Ali sepultaram a Abraão e a Sara sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca sua mulher; e ali sepultei a Lia." [Gênesis 49:28-31]

A velha e feiosa Lia, a esposa fiel que por muito tempo não foi amada - colocada no lugar de honra ao lado do seu marido Jacó e ele mesmo foi responsável pela decisão! Por que não enterrou Raquel ali? Só ficaremos sabendo na eternidade, mas gosto de pensar que ao longo do tempo Deus lhe deu uma lição sobre o significado do verdadeiro amor.


Pastor Ronn Riffe